Questões climáticas, urbanísticas e tecnológicas foram debatidas por nomes consagrados em fórum sobre o futuro das cidades no MON

Evento fez parte do último ato das comemorações dos 40 anos da Baggio Schiavon Arquitetura

Questões climáticas, urbanísticas e tecnológicas foram debatidas por nomes consagrados em fórum sobre o futuro das cidades no MON

Nomes como Guto Requena, Emanuel Pimenta, Iza Dezon, Pedro Jacobi, Christian Ullman e Gustavo Taniguchi estiveram recentemente em Curitiba para o Fórum + 40 O Futuro das Cidades, a convite de Consuelo Cornelsen, responsável pela curadoria da série de eventos que marcou os 40 anos da Baggio Schiavon Arquitetura (BSA). A programação aberta ao público e com transmissão online abordou assuntos como emergências climáticas, design na inovação social, tecnologia de ruptura e desenho urbano.

 

Segundo Flávio Schiavon, um dos sócios da BSA, a ideia do último evento foi posicionar o trabalho do escritório, que está inserido dentro do contexto urbano e que foi desenhado por mãos incríveis, que precisavam ser destacadas e homenageadas. “Desenvolvemos uma carreira em cima do processo de verticalização da cidade, do público-privado e das gentilezas urbanas, mas o objetivo dessa programação especial também consistiu em pensar o futuro, em novos projetos instigantes. Com base nesse raciocínio, por que não falar sobre arquitetura extraterrestre, sustentabilidade e emergências climáticas, urbanismo e arquitetura de uma forma geral? Nós somos artífices e articulamos interesses empresariais e urbanísticos. Queremos desenhar uma paisagem urbana mais amigável e mais amorosa. Portanto, trouxemos conosco grandes nomes para pensarmos juntos os próximos 40 anos”, justifica o arquiteto.

 

Arquitetura extraterrestre e novas tecnologias

 

Emmanuel Pimenta, presidente do Comitê Técnico de Arquitetura Espacial do Instituto Americano de Aeronáutica e Astronáutica, com diversos projetos experimentais no Brasil e na Suíça na área de arquitetura espacial, mostrou diversos de seus projetos na área, além de explicar mais sobre a arquitetura extraterrestre. Pimenta fez um paralelo entre a arquitetura extraterrestre e suas contribuições na transformação da relação do homem com o conhecimento e para o surgimento de novas tecnologias.

 

Geração zero

 

Já a especialista em tendências, sócia-fundadora da Dezon Consultoria Estratégica Criativa e Colaborativa, Iza Dezon, ministrou palestra na qual forneceu uma amostra da geração zero, grupo geracional derivado da geração Z, que não conhece a vida offline e é altamente preocupado com o meio ambiente. “A gente é natureza. Quando falamos em crise climática, falamos, em primeiro lugar, da extinção da nossa espécie”, colocou.

 

Aquecimento global

 

Pedro Jacobi, professor do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) e presidente do Conselho América do Sul do Governos Locais pela Sustentabilidade (ICLEI), explanou sobre a condição do planeta e como os excessos do ser humano estão colaborando com o aquecimento global, tido por ele como um caminho sem volta para a humanidade. Jacobi argumentou que o termo “emergência climática” não é exagerado (ainda que seja pouco utilizado) e faz referência à situação crítica do planeta.

 

 

Antes de criar uma cadeira, plante uma árvore

 

A palestra de Christian Ullmann, professor de design para sustentabilidade, inovação social e design estratégico, também coordenador de projetos do Centro de Inovação IED Brasil e sócio-diretor da iT Projetos, discutiu o papel dos designers na economia circular e na construção de um mundo mais ecológico. Ullmann comentou que o primeiro passo para se criar uma cadeira, por exemplo, é plantar uma árvore. Destacou, ainda, que é necessário mudar a percepção do mundo e olhá-lo com mais empatia. “Não consigo entender como temos bilhões para investir em pesquisas espaciais e não conseguimos levar água de qualidade para todas as pessoas do mundo”, apontou.

 

Interação entre as pessoas

 

Na apresentação de Guto Requena, formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP) e fundador do estúdio Guto Requena, o arquiteto conquistou o público com a apresentação de projetos próprios envolvendo novas tecnologias, design e inovação social, como o “Me conta um segredo?”, uma instalação urbana que contava com bancos coloridos e uma cabine telefônica para que as pessoas pudessem contar segredos. Quando transeuntes se sentavam nos bancos da instalação, os segredos eram tocados aleatoriamente, criando um elo entre pessoas que não se conheciam. Os projetos de Requena celebram a empatia e a interação entre as pessoas.

 

A visão futurista dos anos 40 e o momento presente

 

Gustavo Taniguchi, engenheiro civil, mestre em Gestão Urbana e sócio-diretor da URBTEC TM – Engenharia, Consultoria e Planejamento, focou sua palestra nos desafios do urbanismo, do planejamento e do desenho urbano. Ainda recontou a visão “futurista” dos anos 40 e traçou paralelos com os dias atuais, pensando também no nosso futuro e nas questões sociais que o permeiam.